quinta-feira, 10 de setembro de 2009

FALSA LOURA

O que dizer de um filme que começa citando Sócrates e a sua famosa tese da inseparabilidade da dor e do prazer e, logo em seguida, mostra duas mulheres belíssimas dançando sensualmente? Estranho, não? O diretor Carlos Reichenbach dá mostras da sua erudição e do seu talento com esse interessante filme sobre as brasileiras operárias.

Original e criativo, o diretor brinca com os gêneros fílmicos, citando não apenas diretores, mas até mesmo o filósofo medieval João Scoto Erígena, numa rápida referência à contemplação mística. Reichenbach também brinca com o kitsch, como na cena em que o personagem de Maurício Mattar canta para Silmara uma canção melosa num cenário de papelão sobre um mar de plástico azul (lembra o Fellini de La Nave Va). Em outra cena inesperada e heterodoxa, uma garota quase nua comenta o pensamento de Sócrates. Ora, os antigos filósofos hedonistas consideravam que o bem é o prazer e que o mal é a dor.

Discordando deles, Kant condenou o hedonismo como uma “moral material” incapaz de prover completa segurança aos conceitos morais fundamentais. De toda forma, para os antigos a busca filosófica da felicidade estipulava que não havia incompatibilidade entre a felicidade e o bem. O filme pode também ser visto como uma análise das relações prazer/dor.

Um comentário:

Mistérios, Magias ou Milagres. disse...

Maravilhoso, muito interessante e criativo. Adoro filosofia, estou lendo suas postagens e saboriando cada frase, Parabens abraços Heudes.

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